Cafés Especiais

Você sabe o que é agricultura regenerativa e seus benefícios?

O agronegócio tem papel fundamental no Brasil. Inclusive, o setor impulsionou o crescimento de 15,1% na economia do país em 2023. Isso de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nesse sentido, para garantir um futuro sustentável da atividade, um caminho é a agricultura regenerativa.

A seguir, saiba o que é essa prática e quais são seus benefícios. Além da importância de investir em técnicas que deixem as lavouras mais produtivas e que preservem o meio ambiente e os recursos naturais em todo o mundo.

Agricultura regenerativa

Segundo Eduardo Renê da Cruz, coordenador do Departamento de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, a agricultura regenerativa representa a implementação de práticas sustentáveis que promovem a regeneração do ambiente produtivo. E ainda aumentam a fertilidade do solo.

“Além de práticas agrícolas que tornam o ambiente produtivo mais parecido com o original. Ou seja, um ambiente parecido com o de floresta, aumentando a biodiversidade”, resume.

Ações na cafeicultura

Em seguida, Eduardo destacou a importância de investir em  agricultura sustentável, especialmente na cafeicultura regenerativa. Afinal, a técnica aumenta a resiliência dos sistemas produtivos, pois o principal limitante da produtividade do café é a adversidade climática. E as práticas regenerativas tornam as lavouras mais resistentes a estes problemas, como a seca, por exemplo.

“Em segundo lugar, o modelo regenerativo é importante para maior fixação de carbono no solo. Isso através do uso de plantas de cobertura e de material orgânico. Em terceiro lugar, atende demanda dos clientes que exigem café produzido com práticas regenerativas”, ressalta.

Em longo prazo, o coordenador da Cooxupé prevê a implementação cada vez maior de práticas regenerativas na cafeicultura. Como, por exemplo, o uso de plantas de cobertura, controle biológico, material orgânico e cultivares resistentes a ferrugem e nematoides. Melhorando, assim, o manejo de doenças.

“Quanto ao uso de cultivares resistentes, prática que permite a menor utilização de defensivos químicos, no levantamento de 2023 já identificamos que mais de 60% das mudas plantadas em 2023/2024 são resistentes à ferrugem ou nematoides”, ressalta.

Futuro da agricultura

Ainda segundo Eduardo, a agricultura regenerativa é uma técnica menos dependente do uso de fertilizantes químicos e defensivos. Isso devido às cultivares resistentes, ao controle biológico e ao aporte de material orgânico no solo. Em relação às mudanças climáticas, a ferramenta é mais resistente às adversidades.

“Afinal, um solo mais saudável, com mais matéria orgânica e culturas de cobertura armazena mais água. E mantém a temperatura do solo mais baixa, o que contribui com a maior tolerância das plantas à falta de chuvas e às altas temperaturas”, informa.

Além disso, o coordenador destaca que o solo de uma lavoura manejada com práticas regenerativas tem maior estoque de carbono. Portanto, é uma prática que contribui para o balanço de carbono na atmosfera.

Tendências

A tendência, de antemão, é intensificar a adoção das práticas regenerativas nas propriedades. Ainda assim, Eduardo comenta que o cooperativismo tem papel fundamental na difusão dessas técnicas para os pequenos produtores. Tanto na orientação sobre a importância e implantação da agricultura regenerativa através da assistência técnica. Quanto no fornecimento dos insumos.

“Como, por exemplo, produtos biológicos, compostos orgânicos e fertilizantes organominerais. Além de sementes de plantas de cobertura com condições de pagamento que facilitam a aquisição para fomentar a adoção da agricultura regenerativa”, conclui.

Pesquisas

Já de acordo com Natalia Carr, gerente ESG da Cooxupé, o termo “agricultura regenerativa” foi criado na década de 1980 pelo editor norte-americano Robert Rodale. Após 30 anos de pesquisa, ele chegou a um consenso de que a expressão seria mais próxima do produtor.

Além de um excelente “meio termo” entre agricultura convencional, muito latente na época após a Revolução Verde, e a agricultura orgânica. Que era considerada, pois, de difícil adoção para produção em larga escala e de possível execução apenas em nichos.

Como fazer essa transição?

Antes de mais nada, Natalia explica que é preciso dar um passo de cada vez nessa transição para o modelo regenerativo. Dessa forma, é necessário olhar o Código Florestal e confirmar se as áreas de preservação estão corretas.

“São 80% de proteção em área de floresta em bioma amazônico; 35% de proteção em área de Cerrado e 20% nos demais biomas”, resume.

Inclusive, é importante validar o Cadastro Ambiental Rural (CAR), instituído pelo Novo Código Florestal, Lei 12.651/2012. Ou seja, que consiste no registro público eletrônico das informações ambientais do imóvel rural. Portanto, o CAR é mandatório. “E ainda, se não tem sobreposição ou erro de informação, se possível, faça o Programa de Regularização Ambiental (PRA), caso tenha algum passivo ambiental”, ensina Natalia.

Ademais, a gerente ESG orienta a observar a paisagem da propriedade como um todo. “Por exemplo: há pasto degradado e erosão do solo. Então, quais práticas conservacionistas estão sendo implantadas? Para conservação de solo pode ser terraço, barraginha, lombadas, entre outras”, afirma.

Por outro lado, Natalia lembra de alertas ligados ao ambiental, pois existe uma gestão e planejamento voltados para o social. “Por exemplo, as condições oferecidas aos trabalhadores estão adequadas? Há uma preocupação com o saneamento das casas na propriedade? Há a utilização de biodigestores?”, questiona.

Cooperativismo e agricultura regenerativa

Assim como Eduardo Renê, Natalia defende que o cooperativismo pode ser um importante catalisador para a adoção de práticas ESG entre os produtores rurais. Afinal, desempenha um papel crucial ao promover as técnicas regenerativas durante todo o ano.

“Ao fornecer suporte técnico, acesso a mercados e recursos financeiros, as cooperativas ajudam os agricultores a implementar práticas mais sustentáveis e responsáveis. Assim, beneficiando tanto o meio ambiente quanto as comunidades locais”, define a gerente ESG.

Além disso, ela explica que a estrutura democrática das cooperativas promove uma governança mais ética e transparente. O que é essencial para a sustentabilidade em longo prazo.

“Cooperativismo é a união de pessoas por um bem comum. Por isso, ninguém perde quando todo mundo ganha. O ESG e o cooperativismo representam essa inclusão”, finaliza Natalia.

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